segunda-feira, 22 de novembro de 2010

‘Jesus histórico’ retrata Cristo mais humano, mas não ameaça fé

Anúncio do Reino de Deus, judaísmo e humildade marcam Nazareno.Evangelhos mesclam fatos e interpretações feitas por grupos cristãos.

É um bocado irônico que o personagem mais influente da história humana também seja um dos mais misteriosos. Jesus de Nazaré não tem data de nascimento ou morte registrada com segurança (embora seja possível estimá-las com margem de erro de dois ou três anos); não deixou nada escrito de próprio punho (há até quem argumente que ele provavelmente era analfabeto); não restou um único artefato do qual se possa dizer com certeza que pertenceu a ele.

Os relatos de seus seguidores, escritos entre duas e seis décadas após a morte na cruz, falam com riqueza de detalhes de um período curtíssimo de sua vida adulta, elencando seus atos e ensinamentos, mas nos deixam no escuro sobre a maior parte de sua infância e adolescência, suas angústias pessoais e seu relacionamento com amigos e familiares.

A situação pode soar desesperadora ao extremo para um historiador que, sem recorrer à fé cristã, queira reconstruir a vida e a mensagem desse judeu singular. Mas a situação é menos complicada do que parece. Por um lado, é preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre Jesus na Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo. “Os textos dos Evangelhos, todos eles, são uma combinação de elementos históricos e interpretações feitas posteriormente no âmbito das comunidades cristãs”, lembra o padre Léo Zeno Konzen, coordenador do curso de teologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (RS).


Trocando em miúdos: os evangelistas (conhecidos entre nós pelos títulos tradicionais de Mateus, Marcos, Lucas e João) estavam tão preocupados em relatar o que tinha acontecido com Jesus e os apóstolos 50 anos antes quanto em tornar esses fatos relevantes para seu público, formado por cristãos nascidos depois que seu Mestre morrera na cruz. A boa notícia, porém, é que a leitura crítica e cuidadosa dessas narrativas é capaz de resgatar grande parte da vida terrena de Jesus.

O retrato que emerge desse esforço é, em certos aspectos, familiar para qualquer cristão, ao mesmo tempo em que humaniza o Nazareno. O chamado Jesus histórico é uma figura humilde, que põe sua mensagem – o anúncio da chegada do Reino de Deus – acima de qualquer preocupação com sua própria importância. Não se comporta como uma entidade superpoderosa ou onisciente. E coloca em primeiro lugar a história e o destino do povo de Israel, ao qual pertence. É um Jesus que pode ajudar os cristãos a repensarem a origem de sua própria fé – mas difícilmente é uma ameaça a ela, a menos que se acredite que todo versículo dos Evangelhos é verdade literal, como se fosse um filme do que aconteceu no ano 30 d.C.

HOMEM INVISÍVEL

Volta e meia ressurge a esperança de que os Evangelhos não serão mais a principal (ou mesmo a única) fonte sobre o Jesus histórico. Há quem coloque suas fichas em achados arqueológicos, como inscrições, túmulos e textos antigos. Dois exemplos recentes desse tipo de pesquisa, porém, não tiveram um resultado dos mais gloriosos.


Suposto ‘túmulo de Jesus’: Idéia nunca foi comprovada (Foto: ‘New York Times’)

Em 2002, foi a vez do chamado Ossuário de Tiago, uma caixa de pedra feita originalmente para conter o esqueleto de um homem que morreu em Jerusalém no século 1. No artefato havia uma inscrição em aramaico (língua aparentada ao hebraico que era a mais falada entre os judeus do tempo de Cristo), com os dizeres: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. O ossuário, afirmavam alguns especialistas, teria pertencido a Tiago, irmão ou primo de Jesus que liderou a igreja cristã de Jerusalém até o ano 62 d.C. Mas análises mais detalhadas comprovaram que o pedaço crucial da inscrição (“irmão de Jesus”) foi adicionado por um falsificador do século 21.

Um bafafá parecido cercou, em 2006, novas análises de outros ossuários de Jerusalém, originalmente desenterrados nos anos 1980. Num mesmo jazigo familiar estavam enterrados “Jesus, filho de José”, Maria (a mãe dele?), Mariamne (supostamente, Maria Madalena) e outras pessoas cujos nomes lembram os de personagens do Novo Testamento. Um documentário produzido por James Cameron (ele mesmo, o criador de “Titanic”) defendeu que os ossuários eram a prova de que Jesus tinha se casado com Maria Madalena. Os defensores da tese argumentam que seria muito improvável a ocorrência conjunta desses nomes na Jerusalém do século 1 d.C. sem que houvesse uma ligação com Jesus de Nazaré. Nenhum estudioso sério do Jesus histórico, contudo, dispôs-se a comprar a idéia – calcula-se que, só na Cidade Santa, teriam vivido mais de mil “Jesus, filhos de Josés” nessa época.

Esses fracassos talvez tenham uma explicação muito simples: a pessoa de Jesus pode ser “invisível” para a arqueologia. “E não só ele como quase toda a primeira e a segunda geração de cristãos. São pessoas periféricas, gente muito simples, de origem rural”, afirma André Leonardo Chevitarese, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Romanos e judeus de classe alta construíam palácios e tinham selos (carimbos) pessoais feitos com metal ou pedra preciosos; carpinteiros e pescadores da Galiléia (a terra natal de Jesus, no norte de Israel), por outro lado, podiam passar a vida inteira usando apenas materiais perecíveis. Chevitarese, aliás, é cético até em relação à idéia de um enterro formal para Jesus.

“Em todo o mundo romano, o costume era abandonar o cadáver na cruz, para ser comido por abutres ou cães”, lembra o historiador da UFRJ. Ele também diz ser suspeita a figura de José de Arimatéia, judeu rico e simpatizante secreto de Jesus que teria obtido seu corpo e organizado seu sepultamento, segundo os Evangelhos.

“Camponeses como os seguidores de Jesus não teriam como se dirigir a Pilatos para exigir o corpo. Assim, os evangelistas enfrentam o problema de explicar o sepultamento de Jesus e usam a figura de José de Arimatéia, que praticamente cai de pára-quedas na narrativa”, diz. Por outro lado, há pelo menos um registro de crucificado judeu que teve um sepultamento digno – Yehohanan (João), filho de Hagakol, cujo ossuário foi descoberto por arqueólogos israelenses em 1968. O osso do calcanhar de Yehohanan ainda continha o cravo usado para pregá-lo na cruz.

Fora algum tremendo golpe de sorte, o máximo que a arqueologia pode fazer é iluminar a vida cotidiana no tempo de Jesus (indicando em que tipo de casa ele vivia ou que modelo de taça ele teria usado para beber vinho com seus discípulos) ou como era a religião judaica naquela época. Esse provavelmente é o caso de um misterioso texto do século 1 a.C., pintado numa pedra e analisado por Israel Knohl, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Em julho passado, Knohl apresentou sua interpretação do texto (o qual não está inteiramente legível e, por isso, tem de ser reconstruído hipoteticamente): ele mencionaria a morte e ressurreição de um Messias décadas antes do nascimento de Jesus. Ainda que a interpretação esteja correta, é difícil ver como ela mudaria nossa compreensão sobre as origens do cristianismo: afinal, um dos grandes argumentos dos seguidores de Jesus é justamente que seu retorno dos mortos já tinha sido previsto nas profecias judaicas.

O MEU, O SEU, O NOSSO JESUS

Se a invisibilidade arqueológica não ajuda, a imaginação e as preocupações modernas também atrapalham um bocado. No esforço de tornar o Jesus histórico relevante para a nossa época, ou como forma de polemizar com as atuais religiões cristãs, pesquisadores como o historiador irlandês John Dominic Crossan defendem que Cristo não se preocupava com a vida eterna ou o Juízo Final, mas pregava uma ética totalmente centrada no aqui e no agora, influenciada pela cultura grega. Outros enfatizam seu lado de revolucionário político, ou mesmo o retratam como uma espécie de mago itinerante, cujos milagres não passavam de truques.

“Acho que isso equivale a esvaziar Jesus”, avalia Chevitarese. “Não se pode tirá-lo do seu contexto judaico nem eliminar seu lado apocalíptico e escatológico [o de um profeta que espera o final dos tempos e a consumação da história humana]”, diz o historiador da UFRJ. Isso não quer dizer, por outro lado, que a pregação de Jesus fosse completamente isenta de idéias sobre a sociedade e a política. “A própria escatologia judaica também tem um substrato político”, lembra Luiz Felipe Ribeiro, professor da pós-graduação em história do cristianismo antigo da Universidade de Brasília (UnB). Ele cita um exemplo cristão, o livro do Apocalipse, que pode ser lido tanto como uma previsão do fim do mundo quanto um ataque contra a opressão romana que afetava os cristãos.

Para John P. Meier, professor da Universidade Notre Dame (EUA) e autor da monumental série de livros “Um Judeu Marginal” (ainda não concluída) sobre o Jesus histórico, o pregador de Nazaré resume e mistura o espiritual, o social e o político na frase-chave de seu anúncio profético: o “Reino de Deus”. Essa é a tradução mais comum em português do grego hé basilêia tou Theou, cujo sentido provavelmente está mais para “o Reinado de Deus” – a idéia de que Deus estava prestes a intervir dramaticamente no mundo, resgatando seu povo de Israel, instaurando seu domínio de justiça e paz e incluindo até os povos pagãos entre seus escolhidos nesse Universo transformado.

“Isso explica por que Jesus parece relativamente despreocupado em relação a problemas sociais e políticos específicos. Ele não estava pregando a reforma do mundo; estava pregando o fim do mundo”, escreve Meier. No entanto, em vez de se concentrar nos terríveis tormentos que aguardariam os pecadores que não se arrependessem, o profeta da Galiléia ressaltava que o Reinado de Deus era um poder misericordioso, aberto a todos os que o recebessem.

Não é à toa que algumas autoridades judaicas, ou o grupo dos fariseus (algo como “separados”, em hebraico) ficavam escandalizados com o lado festivo da vida de Jesus e seus discípulos. Afinal, eles não hesitavam em comer e beber com cobradores de impostos, prostitutas e outros “pecadores notórios” da sociedade israelita, como sinal da proximidade e da inclusão do Reino.

“Proximidade”, aliás, talvez não seja a palavra exata: ao mesmo tempo em que Jesus via o Reinado de Deus como uma promessa a se realizar no futuro próximo, também insinuava que esse Reino já estava presente no ministério do próprio Cristo, diz Meier. “As curas e os exorcismos realizados por Jesus não seriam, portanto, meros atos isolados de bondade e compaixão: estariam mais para demonstrações dramáticas de que o Reino de Deus já estava chegando a Israel”, afirma o pesquisador. Não dá para forçar a mão de Deus, diz Jesus: seu Reinado é um ato espontâneo de misericórdia, voltado não para quem o merece, mas para quem mais precisa dele – os pobres, os famintos, os que choram. Não é à toa que esse Deus recebe de Jesus o apelido de Abbá – nada menos que “papai” em aramaico.

Mais importante ainda, Jesus se apresenta como o mediador para os que querem participar do Reinado de Deus: rejeitar sua mensagem equivale a rejeitar a ordem divina. E, como registram os Evangelhos, a proclamação é voltada exclusiva ou principalmente a judeus como Jesus. Não é à toa que ele escolhe os Doze Apóstolos (provavelmente simbolizando as doze tribos de Israel, espalhadas pelo mundo, que Deus deveria reunir no fim dos tempos) e ordena que eles se dirijam apenas às “ovelhas perdidas da casa de Israel”. Para Jesus, a imagem desse Reino de Deus consumado é a de um banquete – e, paradoxalmente, ele chega a afirmar que alguns de seus compatriotas judeus, os que não o aceitam, poderão ser os barrados no baile, enquanto gente “do Oriente e do Ocidente” – os pagãos – acabam sendo incluídos.

RETRATO MÚLTIPLO

É possível extrair essas linhas gerais da missão de Jesus do material do Novo Testamento, mas é bem mais complicado afirmar se, durante sua vida terrena, Cristo considerava ser Deus encarnado, como diz o dogma cristão, ou mesmo tinha consciência plena de que sua morte na cruz serviria para redimir a humanidade, outra idéia que é central para a cristandade moderna.

O interessante, afirma Chevitarese, é que os textos do Novo Testamento parecem mostrar a convivência de várias visões sobre como e quando os cristãos consideravam que Jesus teria assumido seu status de Cristo, ou seja, de “ungido” (escolhido) e Filho de Deus. “Para Paulo [autor dos textos provavelmente mais antigos do Novo Testamento, datados por volta do ano 50], Jesus é o Cristo porque ressuscitou. O Evangelho de Marcos traz esse papel já para o batismo de Jesus feito por João Batista. Os Evangelhos de Mateus e Lucas recuam isso para o nascimento dele, enquanto João vê Cristo como preexistente ao próprio mundo. São quatro cristologias [visões sobre a natureza de Jesus] diferentes convivendo num espaço de 50, 60 anos.”

Como judeu, seria impensável para Jesus se colocar publicamente como igual a Deus, afirma Luiz Felipe Ribeiro. “Agora, isso não quer dizer que não houvesse uma autocompreensão de Jesus na qual ele se via como mais do que humano, uma autocompreensão messiânica, digamos.” Seria essa uma possível explicação para o misterioso título “Filho do Homem”, aparentemente empregada por Jesus para designar a si mesmo. Esse personagem aparece em vários escritos apocalípticos judaicos, muitos dos quais surgidos pouco antes do nascimento de Cristo. “Mas nem mesmo ali o Filho do Homem é igual a Deus – ele é mais um vice-regente, um segundo em comando”, diz Ribeiro.

Essas incongruências só são conhecidas porque os Evangelhos, apesar da fé religiosa por trás de sua composição, preservam uma trilha de pistas sobre o lado humano de Jesus. Tais pistas fortalecem o chamado critério do constrangimento, uma das principais maneiras de decidir se um fato ou uma fala do Novo Testamento remonta ao Jesus histórico. A idéia é que os evangelistas não inventariam passagens capazes de lançar dúvidas sobre o poder ou onisciência de Jesus.

O caso clássico do critério do constrangimento é o batismo de Cristo por João Batista no rio Jordão, afirma Emilio Voigt, doutor em Novo Testamento e professor da Escola Superior de Teologia de São Leopoldo (RS). “Se o batismo de João é para o arrependimento [dos pecados], porque Jesus precisaria ser batizado? Como Jesus, o Messias, poderia ser batizado por alguém teoricamente inferior a ele?”, diz o pesquisador. Segundo Voigt, a tradição cristã resolve isso por meio do “testemunho” de João – afirmações do profeta de que ele teria vindo apenas para proclamar a chegada de Jesus e de que, na verdade, não seria nem digno de batizá-lo.

Uma série de outros eventos constrangedores aparecem nos Evangelhos: os parentes de Jesus e os moradores de Nazaré o rejeitam como profeta, ele diz que “somente o Pai” conhece a hora da chegada do Reino, teme a aproximação da morte e, pregado na cruz, pergunta por que Deus o abandonou. Para John P. Meier, o registro de tantas situações potencialmente desencorajadoras sobre Jesus revela que os evangelistas estavam seguindo uma tradição histórica estabelecida e que eles não se sentiam totalmente livres para alterá-la a seu bel-prazer. E esse conservadorismo aumenta, de certa forma, a confiabilidade do “esqueleto” básico de fatos apresentado em tais textos.

VERDADEIRO HOMEM, VERDADEIRO DEUS

Levando tudo isso em consideração, a fé cristã pode sair abalada ao confrontar o Jesus histórico? Os especialistas apostam que esse risco é menor do que parece. “A pesquisa histórica ajuda a compreender a atividade de Jesus e a contextualizar a fé. Pode ameaçar alguns dogmas eclesiásticos, mas não a fé propriamente dita”, diz Voigt, que também é pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IELCB).

“Creio que o processo de formação das pessoas de fé cristã deve ajudar a perceber a riqueza que se encontra justamente no processo de interpretar os acontecimentos. Não podemos ler a Bíblia ao pé da letra. Como pessoas de fé, nossos antepassados vivenciaram processos muito criativos de leitura dos acontecimentos, atribuindo-lhes significados que, à primeira vista, não eram perceptíveis nem imagináveis. A Bíblia toda foi construída assim”, pondera o padre Léo Konzen.

“Apesar de ser a personificação do Divino, aqui na Terra Jesus era apenas um homem bruto, pobre, tão comum que dependia de muita oração e da ação do Espírito Santo para realizar seus feitos. Seria muito fácil se Ele morresse na cruz tendo a certeza de que era eterno. Mas era homem e, como homem, não tinha uma memória divina”, diz René Vasconcelos, estudante de teologia da Faesp (Faculdade Evangélica de São Paulo) e membro da denominação evangélica Assembléia de Deus.

Essa, aliás, é uma das pedras fundamentais da fé de quase todas as igrejas cristãs: Jesus é verdadeiro Deus, mas também é verdadeiro homem. A primeira parte da frase não pode ser comprovada ou refutada pela pesquisa histórica, mas a segunda metade dela também é capaz de tornar Jesus relevante para crentes – e até para agnósticos ou ateus – durante muito tempo ainda.



SÉFORIS>>> Metrópole da época: era um centro importante na Galiléia dos tempos de Cristo, mas rebeliões destruíram a cidade 

CAFARNAUM>>> Trabalho e aprendizado: vilarejo pobre habitado principalmente por pescadores, foi o destino escolhido por Jesus logo depois de ter deixado a sua Nazaré natal 

NAZARÉ>>> O berço: segundo o Novo Testamento, José e Maria nasceram ali. Para estudiosos contemporâneos, Jesus também 

RIO JORDÃO>>> Água benta: segundo os estudiosos, os cristãos têm mais é que manter o hábito de realizar batismos ali, onde Jesus passou pelo mesmo ritual 

JERUSALÉM>>> O fim: cidade foi o palco dos últimos dias de vida de Jesus Cristo, da sua crucificação e da primeira comunidade cristã 

BELÉM>>> Pista falsa?: criada em cerca de 3000 a.C., foi ocupada por gregos e, a partir de 65 a.C., por romanos. Estudos sugerem que Jesus não teria nascido nessa cidade 
O homem, o mito 
Décadas de investigação revelam detalhes surpreendentes sobre a história de Cristo, como seu verdadeiro local de nascimento, sua relação com Maria Madalena e a veracidade de seus milagres 

1>>>Nascimento: Cristo nasceu antes de Cristo. Os próprios Evangelhos indicam uma vinda ao mundo no fim do reinado de Heródes, o Grande, por volta do ano 5 a.C. Nosso calendário está, portanto, alguns anos atrasados, por um erro de cálculo medieval 


2>>>Pais: há consenso de que são Maria e José, o carpinteiro (e/ou construtor: a palavra grega comporta os dois sentidos). Jesus teria herdado a profissão do pai 


3>>>Terra natal: Lucas e Mateus não se entendem sobre como a família de Cristo teria chegado a Nazaré, na Galiléia (norte de Israel). É mais provável que a história do nascimento em Belém tenha sido criada mais tarde, para associar Jesus às profecias sobre o Messias 


4>>>Família: o dogma católico sobre a eterna virgindade de Maria levou teólogos a interpretar os "irmãos" de Jesus citados nos Evangelhos como seus primos, mas é mais provável, pelo sentido do texto grego, que Maria e José tenham mesmo tido outros filhos 


5>>>Estado civil: solteiro e sem filhos. Essa é a situação marital mais provável de Jesus, a julgar pelas muitas referências à sua família, mas nenhuma a mulher e filhos. Tampouco há provas confiáveis de que Maria Madalena fosse algo mais que sua discípula 


6>>>Batismo: Jesus certamente foi batizado por João Batista no rio Jordão: os evangelistas jamais criariam uma história embaraçosa para seu mestre, uma vez que o batismo de João servia para a remissão dos pecados - algo supostamente supérfluo para o Filho de Deus 


7>>>Mensagem: o centro da pregação de Jesus era o "Reino de Deus" (para ser mais preciso, o "Reinado de Deus"): a idéia de que Deus estava prestes a iniciar uma nova fase na história do povo de Israel e da humanidade e de que o próprio Jesus era o principal arauto 


8>>>Milagres: até fontes não-cristãs falam de Cristo como "responsável por atos extraordinários", entre os quais a cura de doentes. Para Jesus, tratava-se de mais um sinal da proximidade do Reinado de Deus 


9>>>Exorcismos: é difícil separar as curas operadas por Jesus dos exorcismos que praticava. Nem seus opositores judeus duvidavam desses atos. Para Cristo, sua vitória contra forças demoníacas mostrava que Deus estava agindo através dele 


10>>>Seguidores: Jesus aparentemente chamava indivíduos específicos para segui-lo, eventualmente exigindo que eles abandonassem seu emprego, sua cidade e até sua família para acompanhá-lo. Doze desses escolhidos formaram um círculo interno de seguidores, provavelmente representando as doze tribos de Israel, que seriam reconstituídas por Deus 


11>>>Traição: um dos doze apóstolos, Judas Iscariotes (o significado do sobrenome é nebuloso; podia se referir a "homem de Keriot", cidade da Judéia), teria entregado Jesus. Os evangelistas provavelmente não inventariam isso: se Jesus fosse onisciente, por que escolheria um apóstolo que iria traí-lo? 


12>>>Crucificação: diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26 ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 


Apócrifos: muito barulho por nada 
Para especialistas, esses escritos perdem importância quando se constata que eles tiveram como base os Evangelhos canônicos e seguiram o gnosticismo 

O menino Jesus usa seus superpoderes para matar um amiguinho e dar vida a passarinhos de barro; uma parteira anuncia que, após o parto de Cristo, a virgindade de Maria foi milagrosamente restaurada; Judas é um bom sujeito, que só traiu seu mestre quando o próprio pediu; Maria Madalena e Jesus vivem aos beijos, e a ex-endemoninhada é a discípula favorita do Messias. Bem-vindo ao maravilhoso mundo dos Evangelhos apócrifos, textos sobre a vida de Jesus que não foram incluídos no cânon, o conjunto de livros oficialmente aprovados pelo cristianismo. 

Há pesquisadores que vasculham esses livros, muitos dos quais em estado fragmentário, em busca de informações valiosas que não teriam sido preservadas (ou teriam sido deliberadamente varridas para debaixo do tapete) pelos evangelistas oficiais. O esforço vale a pena? O mais provável é que não. A opinião é de John P. Meier, autor da aclamada série de livros "Um Judeu Marginal". O argumento de Meier é simples: é praticamente impossível demonstrar que os evangelhos apócrifos mais populares entre os historiadores, como o de Tomás e o de Pedro, não tenham, na verdade, usado como base os Evagelhos canônicos, os bons e velhos Mateus, Marcos, Lucas e João. 
Estruturas literárias básicas, como a ordem dos ditos de Jesus, parecem seguir de perto os textos canônicos. Além disso, a datação dos apócrifos aponta para uma composição décadas ou até séculos depois dos Evangelhos oficiais. E há alguns detalhes teológicos suspeitos nas narrativas apócrifas: muitos deles seguem o chamado gnosticismo, uma vertente esotérica do cristianismo primitivo que considerava o mundo material uma esfera corrompida e naturalmente ruim da existência e pregava o acesso a um conhecimento secreto para se libertar dele. A importância do apóstolo Tomé ou de Maria Madalena nos textos gnósticos provavelmente não tem a ver com o papel histórico desses personagens, mas com o uso deles como contraponto aos sucessores de apóstolos como Pedro e Paulo, principais líderes das comunidades cristãs após a morte de Jesus. 

Fonte: G1

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Quando o governo está instável, fé em Deus aumenta

Estudo mostra que população se volta para religiosidade quando governo está em crise

Um grupo de cinco pesquisadores examinou como a instabilidade do governo, seja ligada a problemas financeiros ou eleições iminentes, afeta o funcionamento psicológico dos indivíduos. O estudo, publicado na edição de novembro da revista científica Journal of Personality and Social Psychology, revela que, quando a confiaça no governo é abalada, a fé em Deus consequentemente aumenta.


A pesquisa aponta que, ao sentir que assuntos pessoais estão fora de controle, as pessoas recorrem a uma força externa e considerada superior – seja o governo ou uma entidade religiosa – para se sentirem seguras. Quando o governo falha, a maioria das pessoas recorre ao lado espiritual.

Os estudos envolveram análises de padrões históricos, constatando que as altas no número de conversões religiosas correspondem a períodos de crises econômicas. Similarmente, ao passo que os países desenvolvem governos mais estáveis ao longo do tempo, a devoção religiosa cai.

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores realizaram quatro experimentos. No primeiro, participantes respondiam questões sobre política e religião duas semanas antes e duas semanas depois das eleições de 2008 na Malásia. O período pré-eleição teve maior preferência por respostas ligadas ao lado religioso.

No segundo experimento, artigos ficcionais denegrindo políticos foram mostrados a canadenses. Os que leram as notícias falsas tendiam a acreditar mais em Deus. O terceiro experimento seguiu a mesma fórmula, mas com artigos falando bem sobre o governo – as respostas mostraram que as pessoas estavam com menor fé em Deus.

O último experimento mostrou aos participantes notícias de cientistas renomados sobre a possibilidade de intervenções divinas no universo. Os participantes apresentaram maiores níveis de apoio do governo quando viram que os cientistas concluíram que é improvável que Deus seja capaz de fazer intervenções nos assuntos do cotidiano.

Curiosamente, os pesquisadores admitiram uma falha no estudo: as observações nos EUA contradisseram suas conclusões. Lá, o cometimento religioso não apresentou instabilidades.

Fonte: Galileu

sábado, 13 de novembro de 2010

Para os católicos, o interesse no Exorcismo é revivido

O ritual de exorcismo, prestados sangrenta por Hollywood e ridicularizado por muitos crentes modernos, em grande parte caiu em desgraça na Igreja Católica Romana nos Estados Unidos.

Há apenas um punhado de padres no país treinado como exorcistas, mas eles dizem que estão sobrecarregados com pedidos de pessoas que temem que estão possuídos pelo diabo.

Agora, os bispos americanos estão a organizar uma conferência na sexta-feira e sábado para preparar mais sacerdotes e bispos para responder à demanda. O objetivo não é necessariamente para reviver a prática, dizem os organizadores, mas para ajudar os membros do clero católico aprender a distinguir quem realmente precisa de um exorcismo de quem realmente precisa de um psiquiatra, ou talvez alguns cuidados pastorais.

"Nem todo mundo que pensa que precisa de um exorcismo na verdade é uma necessidade", disse o bispo Thomas J. Paprocki de Springfield, Illinois, que organizou a conferência. "É usado apenas nos casos em que o diabo está envolvido em uma espécie de forma extraordinária em termos de realmente estar em posse da pessoa.

"Mas é raro, é extraordinário, assim que o uso do exorcismo também é raro e extraordinário", disse ele. "Mas temos que estar preparados."

A conferência a portas fechadas, está sendo realizada em Baltimore, antes da reunião queda anual dos bispos do país. Alguns comentaristas católicos disseram que ficaram surpresos porque os bispos se incomodaria com exorcismos em um ano, quando eles estão enfrentando um prato cheio de crises - de fechamento de paróquias e escolas, para as pesquisas mostrando a perda de um de cada três membros brancos batizados, a sexual escândalo de abuso sexual queima-se novamente.

Mas, para R. Scott Appleby, professor de história americana na Catholic University of Notre Dame, bispos 'timing faz todo o sentido.

"O que eles estão tentando fazer exorcismos em restauração", disse Appleby, um observador de longa data dos bispos, "é reforçar e melhorar o que parece estar perdido na igreja, que é o sentido que a Igreja não é como qualquer outra instituição. É sobrenatural, e os principais intervenientes que são a hierarquia e os sacerdotes que podem ser dadas nas faculdades de exorcismo.

"É uma estratégia para dizer: 'Nós não somos a Reserva Federal, e nós não somos o Conselho Mundial de Igrejas. Temos de lidar com anjos e demônios. "

Papa Bento XVI sublinhou um retorno aos rituais e práticas tradicionais, e alguns observadores disseram que os bispos ", o interesse em exorcismo era consistente com a direção estabelecida pelo papa.

Exorcismo é tão antiga quanto o próprio cristianismo. O Novo Testamento tem contas de Jesus expulsava os demônios, e é citado no Catecismo da Igreja Católica. Mas agora é muito mais popular na Europa, África e América Latina do que nos Estados Unidos.

A maioria dos exorcismos não são tão dramáticas como as cenas sangrentas em filmes. O ritual é baseado em uma oração na qual o sacerdote invoca o nome de Jesus. O padre também usa água benta e uma cruz, e pode alterar a oração dependendo da reação que ele recebe da pessoa possuída, disse Matt Baglio, um jornalista em Roma, que escreveu o livro "A Sagração: The Making of Modern um Exorcista" ( Doubleday, 2009).

"A oração vem do poder de" nome de Jesus e da Igreja. Ele não vem do poder do exorcista. O padre não tem o poder mágico ", disse Baglio, cujo livro foi feito em um filme a ser lançado em janeiro, estrelado por Anthony Hopkins.

Há muito de cinismo entre os católicos norte-americanos - mesmo entre padres - cerca de exorcismo. Sr. Baglio notar que existem vendedores ambulantes que se aproveitam de crentes vulneráveis, causando-lhes danos físicos ou espirituais. Como resultado, ele pensou que era útil que a igreja está fazendo um esforço para formar mais sacerdotes para realizar o rito de forma legítima.

Com tão poucos padres que praticam exorcismos eo estigma em torno dele, os exorcistas não estão ansiosos para ser identificado. Os esforços para entrevistá-los na sexta-feira foram infrutíferas.

Bispo Paprocki disse que ficou surpreso com o comparecimento na conferência: 66 sacerdotes e 56 bispos. O objetivo é que cada diocese ter alguém que possa, pelo menos em pedidos de tela para exorcismos.

Alguns dos sinais clássicos de possessão por um demônio, bispo Paprocki disse, inclui a falar em idiomas que a pessoa nunca aprendeu, mostra de força extraordinária, uma súbita aversão às coisas espirituais, como a água benta ou o nome de Deus, e insônia severa, falta de apetite e de corte, arranhar e morder a pele.

Uma pessoa que afirma ser possuído deve ser avaliado pelos médicos para descartar uma doença mental ou física, de acordo com as diretrizes do Vaticano emitidos em 1999, que substituiu as orientações anteriores, emitidos em 1614.

O reverendo Richard Vega, presidente da Federação Nacional dos conselhos de sacerdotes, uma organização de sacerdotes americanos, disse que quando ouviu pela primeira vez sobre a conferência sobre exorcismo, "Minha reação imediata foi dizer por quê?"

Ele disse que não tinha ouvido falar de todos os pedidos de exorcismos e que o tema não tinha chegado nas notas das reuniões dos conselhos de sacerdotes em várias dioceses.

A conferência sobre exorcismo vem em um momento, disse ele, quando a igreja está trazendo de volta as práticas tradicionais. O Vaticano autorizou a retomada da missa em latim, e agora uma tradução revista Inglês da liturgia, disse estar mais perto de uma tradução direta do latim, é para ser colocado em uso em paróquias americanas no próximo ano.

"As pessoas estão falando, nós estamos dando dois passos para trás?" Pai disse Vega. "Minha primeira reação quando ouvi sobre a conferência de exorcismo foi, esta é outra daquelas armadilhas que já saiu do passado."

Mas ele disse que não poderia vir a ser uma crescente demanda de exorcismo por causa do influxo de católicos hispânicos e Africano para os Estados Unidos. Pessoas das culturas, segundo ele, estão mais sintonizados com a experiência do sobrenatural.

Bispo Paprocki assinalar que, segundo a crença católica, o diabo é uma força real e constante, que pode intervir na vida das pessoas - embora alguns deles exigirá um exorcismo para lidar com isso.

"O trabalho ordinário do Diabo é a tentação", disse ele, "ea resposta comum é uma boa vida espiritual, observando os sacramentos ea oração. O Diabo não costuma possuir alguém que está levando uma vida bem espiritual ".

Fonte: http://www.nytimes.com/2010/11/13/us/13exorcism.html?_r=1&bl

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Silas Malafaia lança nova campanha arrecadação, nova meta é custear evento do pastor orçado em mais de R$3 milhões

O Pastor Silas Malafaia lançou uma nova campanha de arrecadação, o alvo agora é custear um evento para pastores em uma área de luxo em São Paulo. Assim como as últimos campanhas do pastor, os colaboradores ganharão livros dependendo da quantidade de dinheiro doado.

O evento denominado Segunda Eslavec será realizado em Água de Lindóia e estará fechado apenas para pastores e pretendentes ao cargo, começará no dia 29 de novembro e terminará no dia 4 de dezembro. Além do pastor Silas Malafaia como preletor principal, também haverá palestras dos pastores dr Myles Munroe (teologia da prosperidade), dr Rob Thompson (teologia da prosperidade), Marco Antônio (Comunidade Internacional da Zona Sul), Pastor Jabes de Alencar (Assembléia de Deus), Ap Rina (Igreja Bola de Neve), entre outros pastores e cantores.

Apesar do Pastor Silas Malafaia pedir para que os fiéis custeiem o evento, os inscritos estão pagando pela participação valores de até R$741 por pessoa pela estadia e alimentação. Apesar do evento ter se iniciado aberto a qualquer pastor, só quem pôde entrar foi quem a Associação Vitória em Cristo selecionou. Após as inscrições se encerrarem e a seleção também a associação do Pastor Silas abriu mais 1500 vagas para quem quiser participar, porém esses terão que pagar separadamente a estadia, a alimentação e o preço do ingresso para ver o evento. Como o transporte não está incluso no pacote e deve ser pago pelo participante, Silas Malafaia pediu que as passagens para Águas de Lindóia fossem compradas pela TAM Viagens porque está, segundo ele, estaria dando mais “comodidade”. Inclusive a marca da empresa aérea é estampada na página do evento.

Para os fiéis que não vão ao evento, mas que querem “custea-lo”, o Pastor Silas criou planos diferenciados para a contribuição. O valor mínimo que deve ser ofertado é de R$100 e a associação do pastor lhe dará “como gesto de gratidão”, segundo os próprios, os livros “7 Passos para a Vitória Pessoal” e “Guia do Sucesso Financeiro”, ambos da Editora Central Gospel de Silas Malafaia. Há também um plano de oferta de R$1000 que além de dar os livros já citados, oferece mais dois também da editora do pastor.

A campanha afirma que o dinheiro será para “patrocinar um aluno” (no caso um pastor), e que cada aluno tem custo médio de R$1000. Em uma rápida conta realizada pela Redação Gospel+ percebemos que sendo 2500 vagas “custeadas” pela Associação Vitória em Cristo o valor gasto é de R$2.500.000 e não mais de R$3 milhões como está sendo anunciado e pedido aos fiéis. A grande maioria das inscrições já foram pagas e os que quiserem comprar os outros ingressos para as 1500 vagas restantes devem ligar para a associação do pastor e escolher uma das formas de pagamento.

As últimas campanhas do pastor foram a da oferta de R$900 em troca de prosperidade financeira, a do pedido do dinheiro do aluguel e o clube de um milhão de almas que inicialmente era para conseguir um milhão de novas conversões a Cristo e depois mudou o foco para a o aluguel e tradução do programa evangelístico de Silas Malafaia para outras línguas, o que não aconteceu.

Fonte: Gospel+

Pregador islâmico radical iemenita pede morte aos americanos

CAIRO - Um clérigo islâmico nascido nos Estados Unidos e vinculado com o ramo da al-Qaeda no Iêmen pediu nesta segunda-feira aos muçulmanos ao redor do mundo para matar os americanos, que chamos de "partido do demônio".

Anwar al-Awlaki, de 39 anos, é um dos clérigos radicais mais importantes e seus sermões costumam incitar a jihad, a guerra santa dos muçulmanos, contra os Estados Unidos.

Al-Awalaki influenciou milicianos relacionados com vários ataques ou tentativas de ataques em território americano. As autoridades iemenitas dizem que ele poderia ter apoiado o recente complô com explosivos ocultos em pacotes, mas é possível que não tenha desempenhado uma parte ativa no plano.

O clérigo tem aparecido em outras mensagens alentando os muçulmanos a assassinar os soldados americanos e justificando as mortes de civis dos Estados Unidos, acusando Washington de matar um milhão de civis muçulmanos no Iraque, Afeganistão e em outras partes do mundo.

Em sua nova mensagem, em um vídeo divulgado em sites de extremistas, al-Awalaki argumenta que não necessita uma justificativa para atacar os Estados Unidos.

"Não consultem niguém para matar americanos. Lutar contra o demônio não requer consultas nem orações para buscar a guia divina. Eles são o partido de satã e combatê-los é a obrigação da época. Trata-se de nós ou eles", afirma al-Awalaki no vídeo de 23 minutos.

Em um vídeo de 23 minutos divulgado em sites islâmicos, Anwar al Awlaki também acusou o Irã de tentar ampliar sua influência entre os países árabes da região. O vídeo parece ter sido gravado antes da frustrada tentativa de enviar pacotes-bomba do Iêmen para os EUA.


'Só falar do púlpito não basta', disse Awlaki, dirigindo-se aos clérigos islâmicos. 'As palavras que não estão ligadas à ação nem fornecem à sociedade passos práticos que levem a uma mudança não nos beneficiam neste momento. Ou apoiamos os mujahideen (combatentes da guerra santa) e ganhamos tudo, ou os traímos e perdemos tudo.'

Al-Awlaki, nascido no Novo México de pais iemenitas, tem utilizado seu site e os sermões em inglês para encorajar os muçulmanos a matar efetivos americanos no Iraque.

O serviço de inteligência dos Estados Unidos tem ligado al-Awlaki aos terroristas do 11 de setembro de 2001, assim como com Umar Faruk Abdulmutalab, um jovem que tentou explodir uma avião sobre Detroit no Natal do ano passado por meio de explosivos escondidos em suas roupas íntimas.

Vários investigadores americanos dizem que desde que al-Awlaki voltou ao Iêmen em 2006 passou a inspirar milicianos a se tornarem operadores da ramificação da rede al-Qaeda no país.

Essa ramificação da al-Qaeda assumiu a responsabilidade do envio de bombas em pacotes destinados aos Estados Unidos. As bombas foram encontradas em aeroportos do Reino Unido, de Dubai e dos Emirados Árabes Unidos antes de serem detonadas por especialistas em controle de explosivos.
AP

domingo, 7 de novembro de 2010

Eles tiveram um sonho. E resolveram abrir a sua igreja

Na fachada de uma loja em Jardim Carapina ardem as labaredas da Fornalha de Fogo. A poucos quilômetros de lá está a Trono Branco, no bairro vizinho Central Carapina, ambos na Serra. As duas igrejas fazem parte de um conjunto de ministérios evangélicos com nomes diferentes e exóticos que pipocam nas periferias do Estado. É o resultado do sonho de pastores desiludidos com suas denominações de origem e que partiram para projetos pessoais.

O auxiliar de limpeza Carlos Ernesto é um exemplo. Há pouco mais de dois anos deixou a Deus é Amor após sonhar com fogo. "Orei por três dias e Deus revelou que era para abrir uma nova obra". Assim surgiu a Fornalha de Fogo, que conta com 18 membros e uma filial em Jacaraípe. Seu gasto mensal com a igreja é de R$ 700, que, às vezes, precisa cobrir com parte de seu salário.

Algo que não assusta os novos empreendedores. Prova disso é o número de entidades religiosas abertas por ano. Só em Vitória, até outubro foram 19; no ano passado foram 50. Na Grande Vitória já são quase três mil, mas os municípios estimam que o número pode ser bem maior já que muitas apenas abrem as portas, sem oficializar o registro público.

Há bairros com várias igrejas em uma mesma rua, como em Vila Nova de Colares, na Serra. Templos pequenos, sem janelas, com cadeiras de plásticos e aparelhos de som potentes. Em alguns, há o luxo de um pequeno ventilador. Locais onde é possível encontrar denominações como a Raio de Luz, Poço dos Mistérios, Fogo e Glória, Porta Estreita Entrada para o Céu, dentre outras.

Para alguns pastores, os nomes podem até parecer exóticos, mas destacam que deles há referências na Bíblia. "Os evangélicos sabem que alguns nomes são proféticos", diz Marco Antonio Beato, pastor das Águas Purificadoras e presidente da Associação Nacional de Amparo aos Irmãos Evangélicos (Anaie), cuja igreja é fruto de uma revelação. Para outros, o assunto é preocupante. "Mesmo bíblicos, alguns nomes podem levar a interpretações equivocadas", pontua Alcemir Pantaleão da Igreja Peniel.

Julius Zabatiero, professor de Religião da Faculdade Unidas (FTU), explica que o que se vê é o resultado de um processo iniciado há mais de 20 anos com o neopentecostalismo, mas que vem ganhando força, assim como a economia informal. Igrejas pautadas numa filosofia de sucesso, de respostas rápidas, sem vínculos com a comunidade e que nem sempre sobrevivem. "Um projeto individual instalado onde o pastor pode pagar o aluguel". E como a abordagem é  emocional, dispara Zabatiero, o nome precisa ser sugestivo.

Expansão
4.545 igrejas
É o número de igrejas que existem no Estado, segundo a Receita Federal. O maior número está na Serra, Vila Velha, Vitória e Cariacica.

Dona de casa se torna pastora e funda ministério
Há cinco meses a dona de casa Creuza Alves Ferreira Santos, 52, tornou-se pastora e fundou a sua igreja, a Resgatando Almas, em Central Carapina, na Serra. "Era o plano de Deus para a minha vida". Nos cultos realizados quatro vezes por semana, aparecem 20 pessoas, que disputam um espaço de pouco mais de 8m2 . Membros registrados, com pagamento de dízimo, são só dois. Por mês, ela tira R$ 480 do bolso para manter o projeto. Mas sua igreja ainda não foi registrada. "Vou fazer isso assim que ela se firmar". Ex-obreira da Quadrangular, Creuza mostra seu certificado do curso de pastora e garante estar apta a orientar o casal Márcia e Gedeon de Jesus, e a filha Jenifer, seus mais recentes fiéis. No bairro, outras três igrejas foram abertas na rua da de Creuza.

Com isenção, abrir templo pode custar só  R$ 650

Abrir uma igreja é fácil. E não muito caro, já que contam com imunidade e até isenção em alguns impostos e taxas. Para regularizar a Fornalha de Fogo, por exemplo, o pastor Carlos Ernesto desembolsou R$ 650. "Incluindo as despesas com o contador que tratou de toda a documentação", assinalou.

Mas as instituições religiosas não estão livres da obtenção do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) na Receita Federal, nem do alvará de funcionamento, junto aos municípios. Precisam ainda solicitar a vistoria do Corpo de Bombeiros, que só isenta do pagamento da taxa as instituições filantrópicas.

Quem abre uma unidade e não a regulariza pode estar sujeito à fiscalização, multas e até  fechamento. "O nosso objetivo é sempre garantir a segurança dos fiéis que frequentam o local", pontua a subsecretária de Finanças de Cariacica, Luiza Marilac Nascimento.

Hábitos antigos
O problema, destaca Luiza, é que em muitos bairros as pessoas ainda mantêm hábitos antigos e não se preocupam em regularizar o seu templo. "O que é um erro, já que há muitas facilidades", acrescenta a subsecretária. Ela destaca ainda que não há dificuldades para se obter a documentação e que um alvará provisório pode ser obtido até pela internet, no site da prefeitura.

Em Vitória, cerca de 80% de suas 472 igrejas estão com licenciamento vencido ou nunca foram licenciadas. Situação que vem sendo  resolvida, segundo Kleber Frizzera, secretário de Desenvolvimento. "Desde que as igrejas foram contempladas com a isenção, temos sido procurados com frequência", diz o secretário. No site da Prefeitura de Vitória também é possível encontrar todas as informações para o obtenção do alvará.

As dificuldades residem principalmente com as igrejas menores, onde é difícil encontrar até o seu responsável. Frizzera destaca que só não podem usufruir dos benefícios de isenção as atividades comerciais das igrejas, como as rádios.




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Vilmara Fernandes

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