sábado, 16 de julho de 2011

Igreja Universal - Bispo incentiva criança vender brinquedos e dar o dinheiro à igreja

Montagem com recortes dos trechos mais contundentes de vídeos denunciando os falsos religiosos que se dizem pastores e o que há de pior na rede mostrando a sacanagem que rola por detrás dos altares das igrejas que recolhem dízimos. Há sim pastores honestos, cuja conduta reflete o que pregam em suas igrejas, mas, assim como no caso dos políticos honestos, são bem poucos - pouquíssimos mesmo. Não há como negar: em qualquer igreja em que o dinheiro entrar pela porta da frente, a vergonha e a decência sairão pelas portas dos fundos.
Praticantes da Teologia da Prosperidade no Brasil:

- a Igreja Universal do Reino de Deus, do Bispo Macedo, que já esteve preso e é o grande campeão de denúncias por falcatruas e malfeitorias, tio do Bispo Marcelo Crivella, lambe-botas das raposas políticas de Brasília.

- Assembléia de Deus, do falastrão e mestre-enganador Silas Malafaia;

- Igreja Internacional da Graça de Deus, do Missionário R.R. Soares, ex-sócio e cunhado de Edir Macedo (ajudou a fundar a Igreja Universal), com o qual não conversa desde os Anos 80 por causa de brigas na divisão do dinheiro;

- Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo Apóstolo Waldemiro Santiago, inventor do Trízimo, ex-sócio de Edir Macedo -- em Mar.2010 três de seus pastores foram presos em flagrante por tráfico internacional de armas;

- Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, acusados de malandragens de toda ordem, e que foram presos nos EUA por ilegalidades com dinheiro;

- Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, de Valnice Milhomens, criou o sistema de franquia nas igrejas;

- Igreja Sara Nossa Terra, do Pastor-Deputado Robson Rodovalho, notável bajulador de políticos;

- Igreja do Evangelho Quadrangular, do Pastor-Deputado Mário de Oliveira, acusado de mandar matar seu ex-amigo e também Pastor-Deputado Carlos Willian;

- Ministério Tempo do Avivamento, outro bajulador Pastor-Deputado Marco Feliciano;

- existe ainda uma infinidade de picaretas que pregam a Teologia da Prosperidade, como Anthony e Rosinha Garotinho - representantes do que há de pior na mistura venenosa de religião com política; ou como Doriel de Oliveira, fundador da Casa da Benção, pai do Pastor-Deputado Rubens César Brunelli Júnior, célebre personagem da Oração da Propina (veja as imagens: www.youtube.com/watch?v=xuaRqvzX5jY) em meio aos vídeos e denúncias de roubalheira de dinheiro público que culminou com a prisão do então governador do Distrito Federal.


Jornal Folha de São Paulo - 16 de Julho de 2011
http://www1.folha.uol.com.br/poder/944258-bispo-da-universal-incentiva-crianc...

Bispo da Universal incentiva criança a dar brinquedo à igreja

Uma criança de nove anos é incentivada por um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus a vender seus brinquedos e doar o dinheiro à igreja para que os pais parem de brigar. Enquanto isso, sua mãe é exorcizada no altar.

A cena ocorreu em culto da Universal em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, e está sendo exibida em vídeo no blog do bispo Edir Macedo, fundador e líder da igreja. (...) No vídeo, o menino conta ao bispo Guaracy Santos que seus pais têm brigado com frequência. O bispo pergunta que sacrifício ele fará pelos pais. "Eu vou dar tudo que eu tenho", responde a criança. Guaracy devolve: "E o que é tudo que você tem?". "Brinquedo", diz o menino.

O bispo insiste: "Você vai vender?". A criança diz que sim, e Guaracy pergunta, referindo-se ao dinheiro: "Pra colocar onde?" "No altar", promete a criança. (...). E conclui: "Seja fiel, vende o que você tem. Tem fé pra isso? Vai na tua fé". (...)

DIREITO DA CRIANÇA

Ricardo Cabezón, presidente da Comissão de Direitos Infanto-Juvenis da OAB-SP (...) "A criança deve ser poupada. Se a própria mãe está numa situação de incapacitada, nas mãos de outra pessoa, não se pode pegar uma criança para que ela explique o que está se passando".

A advogada Roberta Densa, que dá aulas sobre o ECA, avalia que o bispo se aproveita da condição "vulnerável" da criança. "É uma situação de manipulação".

Para João Santo Carcan, vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o papel da igreja, ao tomar conhecimento de um problema desses, seria entrar em contato com os órgãos públicos de assistência social. "Ali tratam a criança como instrumento de receita", diz. (...)

Folha.com

domingo, 10 de julho de 2011

A sociedade mudou muito. Já as igrejas...

A sociedade mudou muito. Já as igrejas...
Regras definidas por igrejas muitas vezes limitam quem não tem como segui-las, como os divorciados




foto: Carlos Alberto Silva

O administrador Paulo Maurício, de 57 anos, e sua esposa Ângela Aparecida Casemiro Del Rey, de 40 anos, são um casal católico de segunda união

Há mais de 40 anos se instituía o divórcio. Recentemente, a lei reconheceu a união entre homossexuais. A sociedade moderna avança a passos largos, porém a maioria das igrejas tradicionais tetem mostrado dificuldades para acompanhar a rapidez dessas mudanças.

Nesse compasso, os fiéis que se encontram, mesmo sem querer, em situações de conflito com as doutrinas da igreja que decidiram seguir, encontram caminhos para continuar vivendo em plenitude a sua fé.

Questão de consciência
Há 20 anos, desde que se casou, a esteticista Angela Maria de Almeida, 41 anos, não comunga, por haver celebrado a união somente no civil. "Meu marido foi criado em uma família de pais de religiões diferentes e acabou não frequentando nenhuma.E ele não quis fazer a primeira eucaristia só para poder se casar na igreja", explica ela.

Angela acredita que se decidisse por comungar não seria recriminada nem pelo padre nem pela comunidade. "Mas não faço por uma questão de minha consciência com Deus, mesmo às vezes sentindo falta desse sacramento".

O mesmo pratica o casal Paulo Maurício del Rey, 57 anos, e Angela Aparecida Cassemiro del Rey, 40, que vive uma segunda união há 11 anos.

"Ninguém casa para se separar. E quando se rompe essa aliança é claro que há sofrimento, pois temos um respeito muito grande pelo sacramento do matrimônio. Mas as coisas ficaram mais claras quando a gente entendeu a proposta da Igreja para pessoas na nossa situação", conta Angela de Almeida.
foto: Ricardo Medeiros

Para formar uma família, ele abriu mão da vocação
Desde os 11 anos Edebrande Cavalieri estudou num seminário com o objetivo de se tornar padre. Seu ideal era trabalhar nas missões, ajudando a população mais carente do continente africano.

Mas no último ano de estudo, antes de sua ordenação, já um jovem de 24 anos, ele decidiu abrir mão da vocação por sentir que não seria possível conviver com uma das exigências da vida religiosa: o celibato. "Sempre procurei ser coerente com as minhas convicções. Apesar de acreditar na minha vocação, eu não podia seguir. Não dá para ter uma vida dupla", explicou.

Cavalieri se casou, teve filhos e ingressou na vida acadêmica. Hoje é professor de Filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele garante que a mudança de rumo na sua vida não abalou em nada sua relação com o catolicismo.

"O celibato é uma questão disciplinar da Igreja e não tem relação direta com a fé da pessoa", explica. Na opinião de Cavalieri, que também é teólogo, a Igreja Católica é liberal e tem o cuidado de "ouvir a voz do tempo". "Até a década de 60 as missas eram rezadas em latim. Isso e muita coisa já mudou na Igreja", garante ele.

Acolhimento
O casal encontrou na comunhão espiritual e no serviço à Igreja a forma de viver sua fé. Trabalha na Pastoral Familiar há seis anos, no acolhimento de casais em situação especial.

A coordenadora da Pastoral Familiar da Paroquia Sagrada Família, Gláucia Magalhães Guimarães, conta que muitos casais de segunda união chegam à igreja pensando que não serão bem recebidos. "Eles acreditam que o que os envolve na Igreja é a eucaristia, e a primeira coisa que perguntam é por que não podem comungar. Mas há outras formas de se sentir em comunhão com Deus, como se alimentar da palavra sagrada", explica.

Para gays há duas saídas: omitir e continuar ou mudar
Nem a família nem os colegas que participam da mesma igreja evangélica do professor César (nome fictício), de 28 anos, sabem que ele é homossexual. Desde os 11 anos ele frequenta as celebrações em que se prega que a família ideal e abençoada por Deus é aquela formada por um homem e uma mulher. "Na adolescência foi a parte mais difícil e na qual eu tinha mais conflitos pessoais. É uma fase em que você ainda não se aceita, e como a igreja não abre espaço para o tema, fica tudo mais complicado", conta.

Para se preservar, ele prefere não participar dos ritos das celebrações, que incluem a ceia. "A gente acaba ficando um pouco à margem das celebrações, às vezes por iniciativa própria". Mesmo com todas essas questões, César não pensa em mudar para as igrejas que têm surgido, lideradas por homossexuais. "Cresci aqui, é onde tenho meus amigos. Eu gosto da religião que escolhi", afirma.

Outro caminho seguiu o fisioterapeuta Jeferson Lima, de 31 anos. Ele cresceu na Igreja Católica, mas com o tempo acabou mudando para uma denominação espírita. "Além de haver sentido minha mediunidade, mudei porque aqui não preciso esconder quem sou e me sinto mais confortável. Mas sigo uma doutrina quase particular, pois não vejo a homossexualidade como pecado", afirma Lima.

Religiosidade cada vez mais privada
Para o teólogo Wanderley Pereira da Rosa, as novas formas de família, o divórcio, a homoafetividade e outros aspectos da vida moderna têm levado as pessoas a viverem a sua religiosidade em um âmbito mais privado. "Hoje o que diz o papa não é mais lei para todos aqueles que frequentam a igreja. Eles vivem a sua fé, mas na hora de solucionar as questões da vida particular, as decisões não costumam ter cunho religioso", afirma. Para ele, a manutenção de normas e proibições que não se ajustam a modernidade podem gerar sentimentos de culpa nos fiéis e um ambiente de hipocrisia. "É o que acontece, por exemplo, quando um membro tem que ocultar a sua sexualidade e os fiéis acabam não tendo liberdade dentro da própria igreja", explica.

Análise

"Mudanças em ritmo lento"
Christovam Mendonça, teólogo, mestrando en Ciências da Religião e coordenador do Fórum Estadual em Defesa dos Direitos e Cidadania LGBT
Todas as igrejas, inclusive as mais tradicionais, não são formadas somente por dogmas e doutrinas. Elas são instituições políticas, empresariais e administrativas que necessitam serem legitimizadas pela sociedade. E a medida que começam a perder fiéis, passam a se adaptar.

Acredito que é isso o que vai acontecer com relação aos gays e outras questões. Lentamente, as igrejas passarão a ser mais inclusivas. Isso já ocorreu com o divórcio, por exemplo. Antes, pessoas divorciadas não eram aceitas. Hoje elas já podem participar de várias atividades em algumas igrejas. E isso aconteceu em muitos outros casos: antes a igreja pensava que os negros não tinham alma, que a terra era o centro do universo, que escrever com a mão esquerda era um caso de possessão demoníaca. E tudo isso mudou.

A Igreja Presbiteriana Unida e a Batista dos Estados Unidos são exemplos de denominações que já adotam uma proposta mais inclusiva com relação à diversidade sexual.


Autoria: Cida Alves
A Gazeta - ES

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Religião e crença em deus não são necessariamente fatores positivo na sociedade

Para iniciar a seção de Ciência, apresentamos aquele que é um dos mais poderosos estudos onde se pode constatar que religião e crença em deus não é necessariamente um fator positivo na sociedade.

Gregory S. Paul de Baltimore, MD, apresentou um estudo com o título: Correlações em variáveis quantificáveis de saúde pública em democracias prosperas com religiosidade popular e secularismo (Cross-National Correlations of Quantifiable Societal Health with Popular Religiosity and Secularism in the Prosperous Democracies), que foi publicado “Jornal da Religião e Sociedade”, volume 7 em 2005 (ver aqui).

No artigo podemos ler que teístas gostam de afirmar que o “criador” foi instrumental para o desenvolvimento de comportamentos morais e éticos, assim como as fundações necessárias para uma sociedade saudável e coesa. Evidência que a crença num “criador” é benéfica para sociedades é largamente baseada em assumpções empíricas, e estudos com manipulações experimentais e/ou erros metodológicos (como por exemplo, selecção de uma amostra de conveniência).

Os dados recolhidos para este estudo foram resultado de aplicação de sondagens em 38 nações pela International Society Survey Program e da Gallup em temas de Ciência Social. A última sondagem contabilizou 23.000 pessoas em democracias “desenvolvidas”; Portugal é considerado como um exemplo de uma democracia Europeia de “segundo mundo”. Outros países incluídos foram: Alemanha, Reino Unido, Holanda, Estados Unidos, Japão, países Escandinavos, entre outros. As variáveis independentes incluíram: literacia bíblica, frequência de preces, e ida regular a igrejas.

Igualmente para avaliar actividades, fervor e conservadorismo religioso, crença absoluta em deus foi questionada. Variáveis independentes foram consideradas: homicídio, suicídio juvenil, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e taxa de interrupção voluntária da gravidez.

Análises de regressão múltipla foram aplicadas devido à variabilidade nos graus de correlações e devido aos factores de função social serem (naturalmente) de grande complexidade. Correlações dos dados foram efectuadas inicialmente para medir interacções entre variáveis.

Os resultados encontrados são de grande importância e merecem uma análise detalhada.

Democracias seculares têm visto a taxa de homicídios diminuir progressivamente até atingir os valores mais reduzidos de sempre. Por outro lado, os EU, onde os níveis de religiosidade são muito elevados, são a única democracia próspera que tem altos valores de homicídio. Portugal, apresentado neste estudo como uma sociedade teística, tem valores de homicídios muito acima de outras democracias seculares.

A correlação positiva entre factores religiosos e mortalidade juvenil é declarada, principalmente entre aqueles que tem valores mais elevados de crença e prece.

Relativamente a DST’s, taxas de gonorreia adolescente nos EU são seiscentas vezes mais elevadas que em países menos teístas, e com sociedades seculares. Igualmente os EU mostram as taxas mais elevadas de infecções de sífilis. Duas das mais curáveis DTS’s foram quase eliminadas em países da Escandinávia, que se caracteriza por ser fortemente secular.

Taxas de aborto adolescente mostram correlações positivas com crença e “entrega ao criador”, e correlação negativa com ateísmo. Novamente, o pais que mais sofre de aborto em adolescentes é os US, novamente, o país no estudo com maior número de crentes. Um ponto interessante de analisar foi a afirmação de João Paulo II que a cultura secular agrava a taxa de abortos, enquanto os dados mostram exactamente o contrário.

Nas conclusões, o autor refere que, ao contrário do que seria desejado por setores religiosos das sociedades mais desenvolvidas (nomeadamente nos EUA), os dados não mostram que países mais religiosos, com uma maior crença num “criador”, têm melhores taxas de saúde pública. As populações de democracias seculares podem claramente governar-se e manter coesão social sem necessidade de recorrer a “sistemas de fé”. De fato, os dados deste estudo demonstraram que democracias seculares, pela primeira vez na história, quase atingem um ponto de “cultura de vida”, com baixos valores de crime letal, diminuição de aborto, mortalidade juvenil e doenças sexualmente transmissíveis.

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